A conservação da biodiversidade tornou-se um compromisso inquestionável diante do seu papel inexorável para a manutenção da vida na Terra. Apesar do consensual compromisso em sustentá-la, as razões pelas quais fazê-lo ainda são alvo de discussões e controvérsias. Que valores devem reger sua proteção? Contudo, a conservação da biodiversidade está cada vez mais voltada para um lado objetivo-econômico, na qual a natureza é marginal aos interesses que parecem mais evidentes: a eficiência econômica. Esse artigo faz uma reflexão sobre os esquemas de biodiversity offsets, instrumentos cujo objetivo é a compensação pelos danos à biodiversidade provocados pelas atividades de desenvolvimento; e sobre a mudança nos valores da conservação da biodiversidade que tais instrumentos tendem a provocar. Uma mudança discursiva, institucional, técnica e material que altera o sentido de se fazer conservação e a relação humana com o mundo natural. Essa ‘nova’ perspectiva da conservação revela dilemas éticos fundamentais, e vem se tornando uma estratégia cada vez mais difundida no âmbito das políticas ambientais para a conservação.
Com a presente dominância do Homem sobre os ecossistemas, a sociedade enfrenta agora novos desafios do foro social, ético e ambiental. A Ecologia, como ciência transversal e holística, tem muito a contribuir para a construção do conhecimento científico, aquisição de dados e elaboração de propostas de resolução de problemas ambientais com vista a diluir o ecocentrismo e catastrofismo. A ecologia enquanto ciência pode e deve mostrar as relações entre espécies, entre comunidades e ecossistemas, entre o Homem e a natureza, minimizando noções de destruição absolutistas, e contribuindo para um diálogo científico sobre ferramentas de gestão e conservação. Este é o contributo que se pretende dar com este artigo, através de dois casos de estudo, que permitirão sugerir novas medidas de gestão e atitudes sociais perante problemas reais.
Published Online: 16 Sep 2019 Page range: 96 - 115
Abstract
Resumo
Afirmando que a problemática ambiental impõe um novo paradigma ético que realize a unidade das faculdades (sensibilidade, entendimento e razão prática) na unidade da acção, este artigo defende uma pedagogia centrada no estímulo da sensibilidade ao belo natural em articulação com o sentimento moral, como via privilegiada de enfrentamento da crise ecológica contemporânea. Na transição para uma dimensão inclusiva e planetária do conceito de cidadania, em tanto que expressão de um agir responsável e comprometido no colectivo em que é, a educação ambiental impõe-se como protagonista fundamental na formação de cidadãos capazes de pensar e agir ambientalmente.
A conservação da biodiversidade tornou-se um compromisso inquestionável diante do seu papel inexorável para a manutenção da vida na Terra. Apesar do consensual compromisso em sustentá-la, as razões pelas quais fazê-lo ainda são alvo de discussões e controvérsias. Que valores devem reger sua proteção? Contudo, a conservação da biodiversidade está cada vez mais voltada para um lado objetivo-econômico, na qual a natureza é marginal aos interesses que parecem mais evidentes: a eficiência econômica. Esse artigo faz uma reflexão sobre os esquemas de biodiversity offsets, instrumentos cujo objetivo é a compensação pelos danos à biodiversidade provocados pelas atividades de desenvolvimento; e sobre a mudança nos valores da conservação da biodiversidade que tais instrumentos tendem a provocar. Uma mudança discursiva, institucional, técnica e material que altera o sentido de se fazer conservação e a relação humana com o mundo natural. Essa ‘nova’ perspectiva da conservação revela dilemas éticos fundamentais, e vem se tornando uma estratégia cada vez mais difundida no âmbito das políticas ambientais para a conservação.
Com a presente dominância do Homem sobre os ecossistemas, a sociedade enfrenta agora novos desafios do foro social, ético e ambiental. A Ecologia, como ciência transversal e holística, tem muito a contribuir para a construção do conhecimento científico, aquisição de dados e elaboração de propostas de resolução de problemas ambientais com vista a diluir o ecocentrismo e catastrofismo. A ecologia enquanto ciência pode e deve mostrar as relações entre espécies, entre comunidades e ecossistemas, entre o Homem e a natureza, minimizando noções de destruição absolutistas, e contribuindo para um diálogo científico sobre ferramentas de gestão e conservação. Este é o contributo que se pretende dar com este artigo, através de dois casos de estudo, que permitirão sugerir novas medidas de gestão e atitudes sociais perante problemas reais.
Afirmando que a problemática ambiental impõe um novo paradigma ético que realize a unidade das faculdades (sensibilidade, entendimento e razão prática) na unidade da acção, este artigo defende uma pedagogia centrada no estímulo da sensibilidade ao belo natural em articulação com o sentimento moral, como via privilegiada de enfrentamento da crise ecológica contemporânea. Na transição para uma dimensão inclusiva e planetária do conceito de cidadania, em tanto que expressão de um agir responsável e comprometido no colectivo em que é, a educação ambiental impõe-se como protagonista fundamental na formação de cidadãos capazes de pensar e agir ambientalmente.