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Educação Holística na Comunidade Wesleyana: A Perspectiva Afro-Ganense

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Cita

Diferentes Filosofias da Educação

Dificilmente se pode contestar que subjacente a qualquer concepção de educação está uma filosofia da educação. A filosofia da educação de um povo depende do que eles têm em mente em relação ao objetivo da educação, bem como do primeiro princípio do qual sua filosofia da educação deriva. Este primeiro princípio, normalmente, inclui as teorias de valores do povo (axiologia), bem como suas teorias da realidade (ontologia) e do conhecimento (epistemologia). Uma vez que essas teorias diferem de um grupo de pessoas para outro, a filosofia da educação desvela a diversidade, que neste contexto, refere-se a grupos variados e pode estar relacionada à demografia, a perspectivas sobre a vida e ao comportamento em relação a outros grupos. Diversidade, nesse sentido, envolve as características observáveis (gênero, raça, etnia, idade) e as características não observáveis (diferenças culturais, cognitivas e técnicas)

Robertson, Q. M Disentangling the meanings of Diversity and Inclusion in Organization em ‘Group Organizational Managements’ Iss 31. 2006. 212–236.

. Nesse sentido, também podemos conceituar a diversidade como “as várias perspectivas e abordagens... que os membros de grupos identitários diferentes trazem [na sua interação com outros]”

Thomas Ely, 1990 citado em Robertson, 214.

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Os seres humanos diferem. Assim, todas as civilizações incluíram pessoas que diferiam umas das outras em termos de raça, gênero, idade, cultura, religião e visões de mundo. A diferenciação de gênero já era perceptível no Jardim do Éden. Com as consequências do desastre da Torre de Babel, veio o multilinguismo e a diversidade étnica e cultural. O dia de Pentecostes, porém, traduziu o multilinguismo negativo de Babel em multilinguismo positivo e na agradável experiência de apreciar Deus na diversidade e abençoar uns aos outros num contexto inevitável de multiculturalismo.

A Visão da Igreja Metodista de Gana

A visão da Igreja Metodista de Gana é ser “uma igreja vibrante, cheia do Espírito, na vanguarda do evangelismo e discipulado holístico, capacitando para a transformação da sociedade”

Methodist Church Ghana Strategic Plan of the Methodist Church Ghana 2007.

.

Em relação à educação, a Igreja Metodista de Gana vislumbra “uma nação, Gana, na qual cada criança recebe educação de qualidade até o nível mais alto possível. A educação recebida será baseada na excelência acadêmica e habilidades produtivas, levando ao desenvolvimento de indivíduos imbuídos de honestidade, integridade, valores cristãos, ética profissional e do trabalho”

Methodist Church Ghana Education Policy for Methodist Church Ghana 2001. 14.

.

Baseada nesta visão, a Igreja Metodista de Gana criou uma filosofia educacional destinada a complementar a filosofia existente que fundamenta a educação em Gana e na África em geral. A filosofia educacional geral de Gana e da África é definida como “educação para a consciência crítica”. Esta filosofia da educação pressupõe que “a educação é essencial para o desenvolvimento das pessoas...”. Kwame Nkrumah e Julius Nyerere, dois dos pais fundadores da libertação africana do colonialismo, afirmavam que a educação deveria visar à criação de equidade entre a população em vez de contribuir para o surgimento do elitismo que prioriza os interesses da elite em detrimento dos interesses da sociedade como um todo. O interesse da sociedade incluía “a necessidade de desenvolver o potencial da nação para alcançar a emancipação industrial, agrícola e tecnológica”

Conforme publicado no documento Education Policy for the Methodist Church Ghana, 14.

. A mencionada filosofia educacional também reivindicava o desenvolvimento da consciência nacional e da unidade, a conscientização política e a maturidade entre todas as partes da sociedade. A educação, pensada dessa forma, visava desenvolver e modernizar as tradições nacionais e a cultura da nação para criar um novo ganense, saudável na mente, no corpo e no espírito. Estes aspectos estavam no cerne da filosofia educacional de Gana. Com esta visão holística de desenvolvimento do ser humano e do país em mente, a Igreja Metodista de Gana desenvolveu uma filosofia de educação que não está separada das normas e metas nacionais, mas é informada por elas, além de lhe ser acrescentado um necessário aprimoramento cristão (por exemplo, Colossenses 1:27; Gênesis 2:15; Deuteronômio 23:12–14). A seguir, faz-se um esboço geral:

Conhecimento de Deus.

Tolerância religiosa.

Patriotismo e cidadania.

Autossuficiência e dignidade no trabalho.

Educação moral sólida.

Ciência e tecnologia.

Consciência ambiental.

Sólidas virtudes humanas como:

Respeito mútuo.

Equidade e justiça.

Honestidade e transparência.

Coragem e convicção.

Humildade.

No contexto da filosofia educacional da Igreja Metodista de Gana, os seguintes objetivos educacionais foram estabelecidos para o ensino superior

Estes objetivos educacionais são compartilhados em comum na Tradição Wesleyana.

:

“Servir à humanidade e à sociedade”.

“Abrir e destacar novos caminhos para um futuro melhor para a sociedade e o indivíduo por meio da pesquisa e investigação”.

“Participar ativamente na resolução de problemas locais, regionais e globais, como, por exemplo, a pobreza, a fome, o analfabetismo, etc”.

“Promover o desenvolvimento humano sustentável, o compartilhamento do conhecimento, o respeito universal pelos direitos humanos, a justiça e a aplicação de princípios democráticos dentro das próprias instituições e na sociedade”.

“Manter, aumentar e difundir o conhecimento por meio da pesquisa e da criação intelectual. Sua tarefa de ensino é educar cidadãos responsáveis, esclarecidos e ativos, e especialistas altamente qualificados, garantindo ao mesmo tempo uma educação integral e o desenvolvimento completo do indivíduo”.

“Promover e afirmar a identidade cultural e promover a propagação dos valores culturais”.

“Contribuir para a implementação da aprendizagem ao longo da vida para todos”.

Esses objetivos amplos, definindo e informando a educação metodista, podem ser resumidos em termos de ensino, pesquisa e serviço público, que são tradicionalmente as funções básicas das instituições de ensino superior. Com base nisso, pode-se fazer referência ao documento “Política Educacional para a Igreja Metodista de Gana” (Páginas 24–25).

A meu ver, nossa filosofia da educação deve favorecer um tipo de educação na qual os valores tradicionais, normas, atitudes e práticas, como pré-requisito para o desenvolvimento indígena, se misturem com a modernidade, que encoraja inovações, inventividade e criatividade.

A filosofia que melhor facilitará essa tipo de educação que temos em vista é a do pragmatismo, devidamente apropriado dentro do contexto do holismo educacional.

Pragmatismo

No contexto das filosofias pragmáticas da educação, o objetivo da educação é:

A organização bem-sucedida e reorganização da experiência como adaptação à vida. Aqui, a ciência não será considerada com um fim em si mesma, mas como algo que conduz ao desenvolvimento holístico do ser humano.

“A promoção do crescimento de uma vida que seja frutífera e intrinsecamente significativa. Isso requer o conhecimento de Deus, bem como o conhecimento do ser humano e do ambiente.”

“Transformação social.”

“A adaptação prática às necessidades presentes, em vez de apenas a excelência intelectual.”

Para mais detalhes sobre as várias filosofias da educação, ver Hunnex, Milton D Chronological and Thematic Charts of Philosophers. Grand Rapids, MI: Zondervan, 1986. 36.

A partir desses objetivos, gostaríamos de destacar os três pontos, a seguir:

Nossas instituições educacionais devem se comprometer com uma liderança ética. Aqui, naturalmente, assumimos um compromisso fundamental com a paz, a justiça, a integração, a liberdade e a solidariedade como parte integral de nosso compromisso educacional.

Os valores éticos devem estar conectados às ações educacionais concretas que promovemos.

Em nossa liderança educacional, devemos envolver toda a pessoa e não apenas a mente, dado que “a aprendizagem mais profunda é aquela que envolve toda a pessoa.”

Afirmou-se em outra ocasião que “o pragmatismo afirma que o conhecimento é relativo, instrumental, prático e voltado para a resolução de problemas”

Asante, Emmanuel ‘Holistic Leadership in Education: An African Call’ em Responsible Leadership. Global and Contextual Ethical Perspectives eds Ch. Stückelberger and J. N.K. Mugambi Geneva: WCC Publications, 2007. 97–106.

. Isso está de acordo com a concepção tradicional africana de educação, que era relativa, prática e instrumental.

À luz desses objetivos educacionais, e para reforçar os pontos que apresentamos anteriormente, faz-se referência a oito princípios defendidos pelo Conselho Mundial de Igrejas

Schreiner, Peter et. Al. Holistic Education Resource Book: Learning and Teaching in an Ecumenical Context New York/Munich/Berlin: Waxman, 2005. 20–22.

em relação à educação holística, a seguir:

“Crença de que é Deus quem é o Criador e Mantenedor da vida.” Este princípio forma a base da afirmação da centralidade e unidade de toda a criação em Deus.

“A educação é para a transformação.” Nesse sentido, a educação deve facilitar a transformação social – a transformação de pessoas e comunidades. Isto também requer “a transformação de instituições educacionais, políticas e atividades resultando em práticas holísticas em todos os níveis; através de perspectivas multidisciplinares; e com foco na integralidade do desenvolvimento humano...”

A educação deve preconizar “o desenvolvimento da pessoa inteira na comunidade”. “Isso inclui aspectos físicos, sociais, morais, estéticos, criativos e espirituais, bem como dimensões intelectuais e vocacionais”. A educação holística, nesse sentido, vai além da dimensão cognitiva que domina a educação convencional e “estimula a busca por significado ao introduzir uma visão holística do planeta, da vida na Terra e da emergente comunidade global”.

A educação deve honrar “a singularidade e criatividade das pessoas e das comunidades com base em sua interconexão”. Aqui, a educação holística “afirma que podemos construir verdadeiras comunidades de aprendizagem nas quais as pessoas aprendem juntas a partir das diferenças umas das outras, aprendem a valorizar suas próprias forças pessoais e são capacitadas a ajudar umas às outras”.

A educação deve facilitar e permitir “a participação ativa em uma comunidade global”. A educação holística, conforme indicado por este princípio, “promove formas de entendimento mútuo e respeito pela diversidade existente nas culturas e religiões...”. Ela busca compreender como essa diversidade pode nos enriquecer tanto quanto também pode causar conflitos. Portanto, “a educação holística inclui métodos de gestão de conflitos para estabelecer condições de paz e justiça em todos os níveis”.

A educação deve levar à afirmação de que “a espiritualidade, sendo o cerne da vida, é, portanto, central para a educação”. A educação holística foca “nas profundas dimensões humanas que representam a base espiritual da realidade”. Espiritualidade, de acordo com o documento do CMI, “é um estado de conexão com toda a vida, honrando a diversidade na unidade”. É uma experiência de ser, pertencer e cuidar. É sensibilidade e compaixão, alegria e esperança. É a harmonia entre a vida interior e a vida exterior. É o sentimento de admiração e reverência pelos mistérios do universo...”. Estamos muito conscientes de que quando questões de espiritualidade são consideradas em conexão com a educação, muitas ideias sobre o sobrenatural são evocadas na mente das pessoas. Alguns são desafiados pelas concepções intangíveis do sobrenatural e estão preparados para acreditar apenas em coisas tangíveis. No entanto, a espiritualidade dá às pessoas esperança e faz com que elas superem a imposição de seu ambiente físico. Nem sempre podemos explicar o ‘como’ de tudo. No entanto, também não podemos negar a realidade das coisas que não podemos explicar. A espiritualidade infunde esperança nas pessoas e enriquece a existência humana. A afirmação da espiritualidade, então, não pode ser ignorada na educação holística. A educação holística é informada pela sensibilidade à experiência profunda. Como observamos anteriormente, é a harmonia entre a vida interior e a vida exterior, o sentimento de admiração e reverência pelos mistérios do universo.

A educação deve promover “uma nova práxis (reflexão e ação) do saber, do ensinar e do aprender”. Sob esse princípio, o documento afirmou que o ensino é uma vocação que “exige sensibilidade artística e prática cientificamente fundamentada”. A educação holística, nesse sentido, exige atenção mútua em relação aos professores e alunos. Tanto “professores como alunos são mutuamente responsáveis, acima de tudo, por buscar uma compreensão significativa do mundo”. Aqui, tanto professores quanto alunos são vistos como parceiros no projeto da educação. Isso significa que tanto professores quanto alunos estão buscando uma compreensão significativa do mundo.

Por fim, o documento afirma: “a educação holística se relaciona e interage com diferentes perspectivas e abordagens” da educação. A compreensão aqui é que a educação holística é informada pelas diversas abordagens educacionais: “Pedagogia Crítica, pedagogia tradicional, pedagogia feminista, construtivismo e as teorias transformadoras de aprendizagem e pela educação global”.

Todas as abordagens educacionais e teorias mencionadas acima trazem algumas questões fundamentais sobre nós como seres humanos vivendo em comunidades. Assim, uma abordagem holística para a educação dificilmente pode ignorar qualquer uma delas. A educação holística, entendida como uma abordagem educacional abrangente, deve reunir as diferentes abordagens educacionais sob o eixo do holismo.

Conclusão

Torna-se óbvio a partir do que foi exposto que não temos outra opção em relação à educação ética além do paradigma holístico. Em nossa liderança educacional, devemos envolver a pessoa como um todo e não apenas a mente, dado que, como observamos anteriormente: “a aprendizagem mais profunda é aquela que envolve a pessoa como um todo”. A educação envolve a mente, o coração e as mãos.

A pessoa inteira dificilmente pode ser uma pessoa completa sem a comunidade que informa e define a individualidade da pessoa. Os seres humanos são gregários. Isso significa que a completude de uma pessoa, conforme definida pela comunidade, e no contexto do ser humano individual, deve ser levada em consideração na educação. “O holismo afirma que tudo existe em relação, em um contexto de conexão e significado e que qualquer mudança ou evento causa um realinhamento, por mais sutil que seja, em todo o padrão”

Asante Holistic Leadership 105.

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A educação holística, no sentido de uma educação informada pelo holismo, deve promover a qualidade do relacionamento humano dentro de uma comunidade caracterizada pela diversidade e individualidade. Arraigados à educação holística estão valores éticos que transformam o processo educacional em responsabilidade humana. Com compromissos éticos, nossos projetos educacionais devem ser holisticamente inclusivos e intolerantes à discriminação evidente na educação mecanicista, especialmente em relação a gênero, raça, religião, orientação sexual, limitações físicas e materiais e desigualdades econômicas.

A natureza característica do paradigma da educação holística, em contraste com o paradigma da educação mecanicista, indica que o primeiro cria as condições pedagógicas para o desenvolvimento do potencial interno do aprendiz. Arrisco a concordar com a afirmação de que nosso conhecimento do mundo exterior é definido e informado por um conhecimento interno de nós mesmos. Apenas conhecendo a nós mesmos podemos conhecer o externo. O holismo afirma que tudo existe em relação, em um contexto de conexão e significado, e que qualquer mudança ou evento causa realinhamento, por mais sutil que seja, em todo o padrão.

O conceito de educação informada pelo holismo promove a qualidade dos relacionamentos humanos dentro de uma comunidade caracterizada por toda sua diversidade e individualidade. Embutidos na educação holística estão valores éticos que transformam o processo educacional com o objetivo da responsabilidade humana. Comprometidos com os compromissos éticos, nossos projetos educacionais devem ser holisticamente inclusivos e intolerantes à discriminação evidente na educação mecanicista, especialmente em relação a gênero, raça, religião, limitações físicas e materiais e desigualdades econômicas.

John Dewey, um renomado educador pragmático, observou: “O objetivo de uma educação progressista é a correção do privilégio injusto e da privação injusta”

Citado em Bull, Vivian A ‘Economic Justice’ in Education for Human Responsibility in the twenty First Century: Third International Conference of the International Association of Methodist Related Schools, Colleges and Universities at the Belfast, Northern Ireland, July 16–20 Nashville, TN: General Board of Higher Education and Ministry. 2003. 62.

. Reagindo a Dewey, Henri Levi observou: “A aplicação mais completa deste princípio é a criação de um sistema educacional que intervenha no sistema social, a fim de que não haja relação sistemática entre as origens sociais ou o gênero de uma pessoa e suas realizações sociais”

Ibid.

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